Na fúria da dor,
O alívio é justo por detrás do laço latente Essa vida parece reluzente. A dor comanda a vida As formas são declaradas No meio da fingidez As vidas são usadas. Deseja ler o restante do poema? Aproveite o nosso cantinho premium rabiscado.
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Estou cansado de fazer juras de amor comigo mesmo! É aborrecível fechar um negócio maleável entre a consciência e os olhos que são os meus companheiros fiéis. Comprometi-me em nunca mais olhar nos conteúdos que andam escondidos de baixo da vergonha e fora do pudor que vagueiam dia e noite, nas noites e nos dias que decido sair de casa. Já tentei andar com óculos escuros e nem com isso, me sinto sempre traído e atraído pelas beldades demoníacas que entre cruzam o meu pobre jornadear. Tentei ser e pensar contrário ao que sou para não cair em tentação, mas os meus olhos sempre querem o que o meu coração finge não querer.
Já sou e já tenho, mas o meu subconsciente não se contenta com as minhas conquistas. Quero tudo o que vejo! Mas também não sou culpado! Andam com as pétalas desfolhadas, esfolheando os seus manjares corpulentos pelas ruelas das urbes com o amarfanhado propósito de desfilarem nas passarelas da cidadela e se esquecem que quem olhos tem, olha em tudo que lhe aparece a frente às desejando mesmo sem elas saberem; dizem, mas tenho a plena certeza que elas sabem muitíssimo bem. E não é que elas são mesmo torneiras de beleza! Eu então tenho compromissos comigo mesmo para não romper as minhas alianças, e por conta disso não posso ficar sempre em casa para fugir do meu próprio ego! Deseja ler o restante do texto? Aproveite o nosso cantinho premium rabiscado. Algumas coisas são muito tristes para aqueles que não tratam a tristeza por tu, não para mim, que sinto para além dela. Os seus ciúmes devem ser quase mais fortes que ela já que não me pode ver dar um sorriso (ainda que falso), que fica logo de pulga atrás da orelha; sorte tem em ser mulher, a tristeza, assim não desiste de se fazer de convidada para jantar, o raio da mulher. A verdade é que sabe que não tenho muitas vezes companhia para jantar e então abro-lhe a porta, esta mania que tenho de dar atenção a toda a gente, como lhe hei-de dizer que não devia existir? Quem sou eu para o dizer, ainda mais depois dos momentos que temos passado juntos em que até é boa companhia, por vezes... é que sou bem capaz de inventar uma boa companhia se não tiver nenhuma, e é-me fácil imaginar uma tristeza mais triste que ela, e ela sabe-o bem, por isso me passa logo a mão pelo cabelo e me diz que não preciso ficar triste - eu estou aqui p'ra ti - nunca me abandona. As mulheres e a mania de que nenhuma outra é melhor que elas!
Deseja ler o restante do texto? Aproveite o nosso cantinho premium rabiscado. Uma princesa ensinou-me como amar! Deitei-a ao mundo e virou princesa dos meus olhos...É estranho mas dificilmente elogiamos um dedo torto em alguém... mas eu sim: Não tivesse os dedos tortos e não seria bailarina! Puxo o lustro nela ao que deito fora nos outros. Depois deitei-a à vida e deixo-a ser livre, como mandam as regras dos pássaros: Olha, vai e aguenta-te, chora, ri, enraivece-te, acalma-te, enraivece outra vez... ouve-me: é por te amar que te lanço nesta vida com asas, mantém-te alta e sobrevive, se voares alto serás livre, irás visitar o céu e voltar sábia... ensinas-me a viver? Pus-te num mundo doente, num mundo que só sobrevive porque os poetas inventaram a esperança olhando os pássaros, e não te zangaste comigo, soltei uma lágrima agora, não dou a vida por ti porque não é preciso, são coisas que a febre da paixão faz alguns dizer, o teu amor por mim quer-me presente, e eu viajo em ti, sonho contigo desde que nasci. Sussurrou-me deus ao ouvido, que um dia uma fada me ensinaria a viver quando eu já não fosse capaz...deu-te o universo a força dos tornados onde rodopiam unicórnios cor de rosa. Danças em bicos de pés por entre os escombros que a vida deixa para trás, sorris aos mortos porque sabes que estão mortos, outra lágrima, corres não sei bem para onde, vou atrás, as fadas têm asas, tudo o que é mau em mim se afasta quando me lanças esse olhar que é meio meu... Não pertences a ninguém, nem a mim que te pus a voar, desenhei-te com asas e agora queixo-me que estás sempre a voar, mas sorrio por não seres de ninguém. Vou tratar-te das asas, pinta-las com purpurinas que roubei ao arco íris, voa para o meu ombro de vez em quando, e diz qualquer coisa, qualquer coisa serve, desde que me passes um voo rasante de vez em quando... Agora vai, voa, voa mais alto! Podes passar à frente do sol? Sonhei que conseguias...vês como consegues? Podes vir quando tiveres uma asa partida ou estiveres triste, é difícil para ti não voar, és o melhor de mim, és os meus sonhos traduzidos numa linguagem que se entende... as tuas asas são a minha imaginação a ganhar penas em ti...para o ver-te sorrir não há palavras capazes; tento por umas com as outras, como se põem flores numa jarra, mas nunca fica bem, há sempre uma palavra que não está no sítio ou que não serve, nunca vi um poeta descrever o sorriso de uma criança, o que faço é tentar, deviam inventar-se palavras... ou poetas novos!
Deseja ler o restante do texto? Aproveite o nosso cantinho premium rabiscado. Uma tempestade na alma faz sempre com que tenhamos de voltar a arrumar as memórias nas gavetas, e encontrar pelo chão proezas esquecidas, viagens quase realizadas, fotografias quase tiradas, beijos quase dados, lágrimas quase sentidas, como as que soltamos na hora de voltar a não ter coragem de deitar fora coisinhas que não sabíamos que tínhamos, mas que fazem parte, afinal, do que somos.
E é na hora em que voltamos a não conseguir deitar fora certas coisas, que percebemos que são a nossa obra inacabada; gavetas cheias de quases que nos fazem sentar no chão do quarto, e voltar ao princípio, à criança que não quisemos ser por uns tempos, até a tempestade vir e espalhar tudo num ato rebelde, mas eficaz, talvez de deus... Deseja ler o restante do texto? Aproveite o nosso cantinho premium rabiscado. |
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