Uma princesa ensinou-me como amar! Deitei-a ao mundo e virou princesa dos meus olhos...É estranho mas dificilmente elogiamos um dedo torto em alguém... mas eu sim: Não tivesse os dedos tortos e não seria bailarina! Puxo o lustro nela ao que deito fora nos outros. Depois deitei-a à vida e deixo-a ser livre, como mandam as regras dos pássaros: Olha, vai e aguenta-te, chora, ri, enraivece-te, acalma-te, enraivece outra vez... ouve-me: é por te amar que te lanço nesta vida com asas, mantém-te alta e sobrevive, se voares alto serás livre, irás visitar o céu e voltar sábia... ensinas-me a viver? Pus-te num mundo doente, num mundo que só sobrevive porque os poetas inventaram a esperança olhando os pássaros, e não te zangaste comigo, soltei uma lágrima agora, não dou a vida por ti porque não é preciso, são coisas que a febre da paixão faz alguns dizer, o teu amor por mim quer-me presente, e eu viajo em ti, sonho contigo desde que nasci. Sussurrou-me deus ao ouvido, que um dia uma fada me ensinaria a viver quando eu já não fosse capaz...deu-te o universo a força dos tornados onde rodopiam unicórnios cor de rosa. Danças em bicos de pés por entre os escombros que a vida deixa para trás, sorris aos mortos porque sabes que estão mortos, outra lágrima, corres não sei bem para onde, vou atrás, as fadas têm asas, tudo o que é mau em mim se afasta quando me lanças esse olhar que é meio meu... Não pertences a ninguém, nem a mim que te pus a voar, desenhei-te com asas e agora queixo-me que estás sempre a voar, mas sorrio por não seres de ninguém. Vou tratar-te das asas, pinta-las com purpurinas que roubei ao arco íris, voa para o meu ombro de vez em quando, e diz qualquer coisa, qualquer coisa serve, desde que me passes um voo rasante de vez em quando... Agora vai, voa, voa mais alto! Podes passar à frente do sol? Sonhei que conseguias...vês como consegues? Podes vir quando tiveres uma asa partida ou estiveres triste, é difícil para ti não voar, és o melhor de mim, és os meus sonhos traduzidos numa linguagem que se entende... as tuas asas são a minha imaginação a ganhar penas em ti...para o ver-te sorrir não há palavras capazes; tento por umas com as outras, como se põem flores numa jarra, mas nunca fica bem, há sempre uma palavra que não está no sítio ou que não serve, nunca vi um poeta descrever o sorriso de uma criança, o que faço é tentar, deviam inventar-se palavras... ou poetas novos!
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